Inaugurar modelos existenciais...

Na próxima segunda, 20 de maio, trabalharemos com Argila, em nosso encontro.

"Modelar argila inaugura modelos existenciais [...]. Sutilezas mínimas... forças mínimas da modelagem... já que o mínimo, porta estreita por excelência, abre um mundo. O filósofo Gaston Bachelard já nos inspira: o mínimo "é uma das moradas da grandeza... o grande sai do pequeno, não pela lógica de uma dialética dos contrários, mas graças à libertação de todas as obrigações das dimensões." [...] Modelando a argila, posso perceber que ela é distinta de mim: o mundo começa a se diferenciar de mim na medida exata do côncavo de minhas mãos, diferenciação a princípio imperfeita e insuficiente entre mim e aquele outro chamado argila. O exercício desse processo me fortalece no sentido de ir modelando o mundo, esculpindo com diversas qualidades afetivas no bloco eventualmente indiferenciado que me aprecia ser o mundo exterior, particularmente nos momentos mais difíceis. Os afetos vão tomando corpo na clínica quando resistimos nos materiais, nos encontros com meus colegas e com meu terapeuta."

(VAZ, L. R. Do Cabaret Voltaire ao 'Cabaret Pinel': clínica e resistência em um serviço de saúde mental [dissertação de mestrado.]. Universidade Federal Fluminense, 2004.)