Depois da morte você pode inicialmente se sentir chocado,
paralisado, culpado, com raiva, com medo e, possivelmente, sentindo
intensamente a sua dor. Estes sentimentos podem mudar, inesperadamente, para
sentimentos de tristeza, saudade, solidão - mesmo desesperança e medo sobre o
futuro. Mas luto também não é feito apenas de emoções dolorosas: é possível
ressignificar a vida, revisar a existência e conferir novos significados à
perda. A experiência de cada pessoa enlutada é única, mas essas são apenas algumas
das coisas que as pessoas muitas vezes dizem que sentem quando vêm nos pedir
ajuda depois de uma morte.
“Eu não sinto nada. Eu
me sinto entorpecido.”
O choque pode fazer você
se sentir em um sonho por algum tempo. Você pode se sentir confuso e perdido.
Esta sensação deve passar com o tempo. Você pode pensar, inicialmente, que
nada aconteceu e continuar como se nada tivesse acontecido. Esta é uma forma
de gestão da dor da perda e pode ajudá-lo a passar os primeiros dias, quando
há tanta coisa para fazer – administrar o velório, o enterro, receber
parentes distantes, responder cartas e e-mails, etc.
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“Eu me sinto fora de controle.
Minhas emoções estão instáveis em todo o lugar - num minuto eu estou OK; no
minuto seguinte eu estou em lágrimas.”
Mudanças de humor podem ser muito
assustadoras, mas elas são normais. Você pode sentir como se você estivesse
em uma montanha russa emocional. Você pode se sentir oprimido e achar que é
difícil fazer as suas tarefas diárias. Você pode sentir dificuldades em se concentrar
durante várias vezes no dia. Busque agendar as suas atividades mais
importantes e tente agir de acordo com as próprias emoções.
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“Eu não consigo comer ou dormir.”
As reações físicas para uma morte
são muito comuns. Você pode perder seu apetite, ter dificuldade em
dormir ou se sentir esgotado o tempo todo. As pessoas também estão
frequentemente muito vulneráveis às doenças físicas após uma perda. Se você
não está dormindo bem, você pode se sentir mentalmente drenado e incapaz de
pensar de maneira linear e organizada. Essas são reações normais ao
sofrimento e à perda, e devem passar com o tempo. Mas você deve consultar seu
médico, se os problemas persistirem.
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“Eu continuo a ouvir a sua voz.
Estou preocupado que eu comece a ficar louco.”
Pode demorar algum tempo para você
compreender o que aconteceu. Não se preocupe. É muito normal ver a pessoa,
ouvir a sua voz, ou encontrar-se conversando com ela, especialmente se ela
era uma presença importante em sua vida. Isso pode acontecer quando você
menos espera, como se sua mente tivesse temporariamente “esquecido” que
ele(a) tenha morrido. Pode ser, também, que você se preocupe que algum dia
você possa esquecer a pessoa que se foi definitivamente.
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“Eu sinto tanta dor! Eu continuo
pensando uma e outra vez sobre o que aconteceu. Eu continuo lembrando sobre
cada detalhe de seus últimos dias.”
Esta é novamente uma reação
esperada, em especial quando a morte foi repentina e inesperada, ou ocorreu
em circunstâncias traumáticas. É a maneira que a mente tem de lidar com o que
aconteceu. Você pode sentir imensa dor emocional - algumas pessoas podem
avaliar essa dor como “esmagadora” e “assustadora”. Busque compartilhar sua
dor com pessoas que te escutem ou escrever sobre ela - ajuda profissional
pode ser de grande valia.
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“Eu me sinto tão culpado!”
Muitas pessoas falam sobre seus
sentimentos de culpa - por estar vivas, quando a pessoa querida está morta;
por não ter de alguma forma impedido sua morte; por ter deixado que ela
partisse. Você pode encontrar-se constantemente pensando: “Mas e se...”, “Se
eu tivesse entrado em contato com o médico mais cedo...” Você pode estar constantemente
se perguntando o “por quê?” Por que conosco? Por que isso aconteceu
justamente conosco? Por que não posso fazer mais ver fulano? Porque as
pessoas boas morrem? A morte pode parece cruel e injusta. Ele pode fazer as
pessoas se sentirem impotentes e desamparadas. Essas emoções podem ser muito
dolorosas para viver, mas o sentimento de culpa não irá ajudar. É importante
tentar se concentrar nos bons tempos, e não insistir em coisas no passado que
você não pode mudar. A culpa talvez seja a companheira mais dolorosa da
morte. Quando uma doença é diagnosticada como potencialmente fatal, não são
raros que os familiares se perguntem se devem se culpar por isto. “Se ao
menos eu tivesse notado a mudança antes!” ou “Se eu tivesse buscado um médico
mais cedo!” são frases muito frequentes. Entretanto, dizer apenas: “Não se
sinta culpado, porque você não é culpado” não é o suficiente. Em geral,
podemos descobrir a razão mais profunda desse sentimento de culpa ouvindo
essa pessoa com bastante atenção. Quase sempre os parentes se culpam devido a
ressentimentos verdadeiros com o falecido. Quem, num momento de raiva, já não
desejou que alguém desaparecesse, sumisse do mapa, se danasse? Então, é
importante ouvir de maneira apurada, sem censurar, sem ter a pretensão de
fazer a pessoa se sentir “ótima” a todo o custo, sem tentar fazer a pessoa se
livrar, de um momento para o outro, do sentimento de pesar e do luto que ela
ainda experimenta.
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“Detesto quando me dizem: ‘Tenha
coragem!’, ‘Deus não quer te ver sofrer’, ‘Você precisa ser forte para os
seus outros filhos’, ‘Seu marido não gostaria de te ver chorando!’ ou ‘Ele
não gostaria de te ver chorando!’.
Frases clichês não ajudam em nada e
pode ser extremamente torturante aceitá-las, tais como: "Deus é bom e
seu parente não gostaria de ver você chorando"; "Você precisa ser
forte para cuidar dos seus outros filhos"; "Bola pra frente!".
O mais adequado é manter-se acessível para o enlutado e permitir que ele
expresse seus sentimentos dolorosos e seu luto livremente, sem censuras
desmedidas.
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“Eu me sinto tão zangado com ele.
Como ele pôde me deixar assim?”
Você pode encontrar-se cheio de
novos encargos diante da família, sem contar com algumas responsabilidades
financeiras e domésticas com as quais você não se sente capaz de lidar. Você
pode sentir-se muito irritado porque de repente você tem que lidar com todas
essas coisas. Você pode sentir-se irritado com alguém que você sente que é
responsável, de alguma forma, para a morte daquela pessoa especial. A raiva é
uma parte normal do luto, compondo uma resposta natural aos sentimentos de
impotência e de abandono. Mas, procurar ajuda profissional pode ser
importante, sobretudo se você estiver com a sensação de que nada "está
caminhando".
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1.3. Ajudando pessoas enlutadas
Se você está apoiando outra pessoa devido a um falecimento -
família, amigos, colegas de trabalho - estas são algumas sugestões que podem
ajudá-lo. Pessoas que estão enlutadas podem querer falar sobre a pessoa que
morreu. Uma das coisas mais úteis que você pode fazer é simplesmente ouvir e
dar-lhes tempo e espaço para lamentar, chorar ou gritar – se necessário. Se
você não souber o que dizer em determinado momento, não diga nada. Evite frases
clichês, tais como: “Seja forte!”; “Ele não gostaria de te ver chorando”; “Você
está sofrendo por uma razão específica e não pode reclamar pelo que está
passando”; “Eu imagino o que você esteja sentindo”; “Eu já passei por coisa
semelhante”. Essas frases, embora sejam bem intencionadas, podem ser muito
torturantes. Os enlutados ouvem frases assim várias vezes durante o dia e pode
ser extremamente estressante ouvi-las e acreditar que elas são verdades
absolutas.
É melhor encorajar a pessoa a falar e, se ela não desejar falar
naquele momento, deve-se manter-se disponível para ouvi-la. Prepare-se para
recorrer a uma escuta atenta a tudo o que a pessoa disser. Por outro lado,
evite o discurso fácil de que a pessoa “deve seguir em frente” em breve, bem
como “deve estar pronta para cuidar da casa e dos filhos”. É muito tentador
tentar esconder-se atrás dessas respostas ‘fáceis’ e evitar envolver-se. O que
for que você disser, venha do coração. As pessoas enlutadas percebem,
geralmente, tudo o que não é sincero. Elas percebem claramente quando alguém
está fingindo tristeza ou interesse em ajudá-las.
2. Olhando para o futuro
A vida nunca mais será a mesma novamente depois de um luto, mas
o sofrimento e a dor tendem a diminuir e vai chegar um momento em que você será
capaz de se adaptar para lidar com a vida sem a pessoa que morreu. Muitas
pessoas ficam preocupadas, pensando que vão esquecer a pessoa que morreu: seu
olhar, sua voz, seus bons momentos juntos. Há tantas maneiras que você pode
manter sua memória viva. Estas são apenas algumas sugestões. Encontre sua própria
maneira de manter sua memória viva (Thomaz, s/d):
Ø Converse
suas memórias especiais e sustente a alegria, quando ela vier.
Ø Escreva
as suas memórias em um diário ou em uma agenda.
Ø Mantenha
um álbum de fotos com experiências significativas.
Ø Mantenha
uma coleção de alguns de seus bens especiais
Ø Datas
significativas simbolizam a eternização, a continuidade da vida, o vínculo
contínuo e eterno com aqueles que amamos.
Ø Nas
fases iniciais do luto, é possível que essas datas especiais sejam muito
difíceis para você. Mas, se você sentir vontade, você pode produzir legado
realizando atividades significativas.
Ø Ritualize
com seus parentes, amigos e conhecidos que já não estão ao alcance das mãos: os
que morreram, os que estão desaparecidos e o que viajaram para longe.
Ø Pode
ser um ritual bem simples, como usar a cor preferida dele, ou a sua. Ou uma
flor, uma comida, um lugar.
Ø A
realização e as características desse ritual serão decisões suas.
“O luto pela perda é o preço
que se paga por amar”.
Colin Murray Parkes, 2009
Obrigada meus amigos e amigas do grupo ASDL...
ResponderExcluirSempre é um grande aprendizado estar com vcs aprendendo a conviver com a dor do luto.
As pessoas enlutadas precisam passar por todas essas fases, sentir todas as emoções e tentar conviver com pessoas que sintam prazer e confiança.
Vamos lembrar sempre uma pessoa partiu antes de nós, mais quantas ficaram que precisam de nós inteiras.
Temos duas opções ou somos vitimas ou sobrevivente.. vamos procurar ser sobreviventes
Porque as vitimas sempre acabam sozinhas.
Uma semana de LUZ para tds.