terça-feira, 30 de julho de 2013

Liberdade Interior e o Sentido da Vida

Viktor Frankl, psiquiatra judeu preso nos campos de concentração, criador da Logoterapia, postulava que qualquer um de nós, diante de situações dolorosas, e sobretudo nelas, têm a liberdade suprema de escolher sua atitude. Um texto que vale a pena ser lido. Ele faz parte do livro "Em Busca de Sentido - Um Psicólogo no Campo de Concentração", da Editora Vozes.

Recebam nosso abraço, com carinho.

Equipe ASLD-RJ.



LIBERDADE INTERIOR
Viktor Frankl

Esta tentativa de descrição psicológica e explicação psicopatológica dos traços típicos com que a estada mais demorada no campo de concentração marca a pessoa parece dar a impressão de que, afinal de contas, a alma humana é clara e forçosamente condicionada pelo ambiente. Na psicologia do campo de concentração, é precisamente a vida ali imposta, e que constitui um ambiente social todo peculiar, que determina, ao que parece, o comportamento da pessoa. Com razão se poderão levantar objeções e fazer várias perguntas. Onde fica a liberdade humana? Não haveria ali um mínimo de liberdade interior (geistg) no comportamento, na atitude frente às condições ambientais ali encontradas? Será que a pessoa nada mais é que um resultado da sua constituição física, da sua disposição caracterológica e da sua situação social? E, mais particularmente, será que as reações anímicas da pessoa a esse ambiente socialmente condicionado do campo de concentração estariam de fato evidenciando que ela nem pode fugir às influências desta forma de existência às quais foi submetida à força? Precisa ela necessariamente sucumbir a essas influências? Será que ela não pode reagir de outro modo, "por força das circunstâncias", por causa das condições de vida reinantes no campo de concentração? Podemos dar resposta a esta pergunta tanto baseados na experiência como em caráter fundamental. A experiência da vida no campo de concentração mostrou-me que a pessoa pode muito bem agir "fora do esquema". Haveria suficientes exemplos, muitos deles heroicos, que demonstraram ser possível superar a apatia e reprimir a irritação; e continua existindo, portanto, um resquício de liberdade do espírito humano, de atitude livre do eu frente ao meio ambiente, mesmo nessa situação de coação aparentemente absoluta, tanto exterior como interior. Quem dos que passaram pelo campo de concentração não saberia falar daquelas figuras humanas que caminhavam pela área de formatura dos prisioneiros, ou de barracão em barracão, dando aqui uma palavra de carinho, entregando ali a última lasca de pão? E mesmo que tenham sido poucos, não deixam de constituir prova de que no campo de concentração se pode privar a pessoa de tudo, menos da liberdade última de assumir uma atitude alternativa frente às condições dadas. E havia outra alternativa! A cada dia, a cada hora no campo de concentração havia milhares de oportunidades de concretizar esta decisão interior, uma decisão da pessoa contra ou a favor da sujeição aos poderes do ambiente que ameaçavam privá-la daquilo que é a sua característica mais intrínseca - sua liberdade - e que a induzem, com a renúncia à liberdade e à dignidade, a virar mero joguete e objeto das condições externas, deixando-se por elas cunhar um prisioneiro "típico" do campo de concentração. Deste último ponto de vista, também a reação anímica dos internados nos campos de concentração, em última análise, somente pode ser interpretada como algo mais que mera expressão de certas condições físicas anímicas e sociais - por mais que todas elas, seja a falta de calorias, seja a deficiência de sono, sejam os mais diversos "complexos" anímicos, pareçam sugerir que a decadência da pessoa esteja vinculada à lei normativa (Ge setzm. Éssigkeit) de uma psique típica do campo de concentração. Aquilo que sucede interiormente com a pessoa, aquilo em que o campo de concentração parece "transformá-la", revela ser o resultado de uma decisão interior. Em princípio, portanto, toda pessoa, mesmo sob aquelas circunstâncias, pode decidir de alguma maneira no que ela acabará dando, em sentido espiritual: um típico prisioneiro de campo de concentração, ou então uma pessoa humana, que também ali permanece sendo ser humano e conserva a sua dignidade. Dostoievsky afirmou certa vez: "Temo somente uma coisa: não ser digno do meu tormento." Essas palavras só podiam mesmo ficar passando muitas vezes pela cabeça da gente quando se ficava conhecendo aquelas pessoas tipo mártir, cujo comportamento no campo de concentração, cujo sofrimento e morte testemunham essa liberdade interior última do ser humano, a qual não se pode perder. Sem dúvida, elas poderiam dizer que foram "dignas dos seus tormentos". Elas provaram que inerente ao sofrimento há uma conquista, que é uma conquista interior. A liberdade interior (geistig) do ser humano, a qual não se lhe pode tirar, permite-lhe até o último suspiro configurar a sua vida de modo que tenha sentido. Pois não somente uma vida ativa tem sentido, em dando à pessoa a oportunidade de concretizar valores de forma criativa. Não há sentido apenas no gozo da vida, que permite à pessoa a realização na experiência do que é belo, na experiência da arte ou da natureza. Também há sentido naquela vida que - como no campo de concentração - dificilmente oferece uma chance de se realizar criativamente e em termos de experiência, mas que lhe reserva apenas uma possibilidade de configurar o sentido da existência, precisamente na atitude com que a pessoa se coloca face à restrição forçada de fora sobre seu ser. Faz muito que o recluso está privado do gozo da vida criativa. Mas não é só a vida criativa e o gozo de seus dons que têm sentido. Se é que a vida tem sentido, também o sofrimento necessariamente o terá. Afinal de contas o sofrimento faz parte da vida, de alguma forma, do mesmo modo que o destino e a morte. Aflição e morte fazem parte da existência como um todo. A maioria se preocupava com a questão: "será que vamos sobreviver ao campo de concentração? Pois caso contrário todo esse sofrimento não tem sentido". Em contraste, a pergunta que me afligia era outra: "Será que tem sentido todo esse sofrimento, essa morte ao nosso redor? Pois caso contrário, afinal de contas, não faz sentido sobreviver ao campo de concentração." Uma vida cujo sentido depende exclusivamente de se escapar com ela ou não e, portanto, das boas graças de semelhante acaso – uma vida dessas nem valeria a pena ser vivida. [...] Da maneira com que uma pessoa assume o seu destino inevitável, assumindo com esse destino todo o sofrimento que se lhe impõe, nisso se revela, mesmo nas mais difíceis situações, mesmo no último minuto de sua vida, uma abundância de possibilidades de dar sentido à existência. Depende se a pessoa permanece corajosa e valorosa, digna e desinteressada, ou se na luta levada ao extremo pela auto-preservação ela esquece sua humanidade e acaba tornando-se por completo aquele animal gregário, conforme nos sugeriu a psicologia do prisioneiro do campo de concentração. Dependendo da atitude que tomar, a pessoa realiza ou não os valores que lhe são oferecidos pela situação sofrida e pelo seu pesado destino. Ela então será "digna do tormento", ou não. Ninguém pense que essas reflexões estejam distantes da realidade da vida e do mundo. Sem dúvida, poucas e raras são as pessoas capazes e à altura dessa elevada proposta. Pois poucos foram os que no campo de concentração mantiveram a sua plena liberdade interior e puderam alçar-se à realização daqueles valores possibilitada pelo sofrimento. E mesmo que tivesse sido um único apenas - ele bastaria como testemunho para o fato de que a pessoa interiormente pode ser mais forte que seu destino exterior, e isto não somente no campo de concentração. Sempre e em toda parte a pessoa está colocada diante da decisão de transformar a sua situação de mero sofrimento numa produção interior de valores. Tomemos o caso dos doentes, particularmente os incuráveis. Li certa vez a carta de um paciente relativamente jovem comunicando ao seu amigo que acabara de ficar sabendo que sua vida não duraria muito mais e que mesmo uma operação não o salvaria. Mas escrevia ainda nesta carta que justamente agora se lembrava de um filme no qual um homem encarava a sua morte com disposição, dignidade e coragem. Naquela ocasião, quando assistiu o filme, este nosso paciente pensara que só pode ser "um presente do céu" caminhar em direção à morte com essa atitude, de cabeça erguida, e agora - escrevia ele – seu destino lhe dera essa chance. Anos atrás vimos outro filme, "Ressurreição", baseado num romance de Tolstoi. Quem então não pensou a mesma coisa: Que destinos grandiosos, quão grandes personalidades!"

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Princípios do Aconselhamento a Pessoas Enlutadas




Muitas vezes é preciso verbalizar, dizer frases concretas, do tipo ”Permita-se sofrer: Seu parente morreu. É permitido chorar”, “Chorar não vai fazer seu parente ficar triste nem atrapalhar o caminho dele”, “Expresse a sua dor abertamente”, “Quando você compartilha seu sofrimento fora de si mesmo, a cura ocorre. Ignorar a sua dor não irá fazê-la ir embora e falar sobre isso pode fazer você se sentir melhor”, “Permita-se falar de seu coração, e não apenas de sua cabeça. Isso não significa que você está perdendo o controle ou vai ficar “louca” e sim uma fase normal do processo de luto”, “Fale com seus outros filhos sobre a morte do irmão e, se tiver vontade, chore com eles”.

Com a morte de um parente, as esperanças, sonhos e planos para o futuro são desmontados, virados de cabeça para baixo,  começando uma jornada que é muitas vezes assustadora, dolorosa e avassaladora. Na verdade, às vezes os sentimentos de dor pela morte de um ente querido vem de forma tão intensa que a pessoa não entende bem o que está acontecendo. Faz parte do tipo de ajuda que podemos oferecer que sejam oferecidas sugestões práticas para o dia-a-dia após a morte, ajudando o movimento em direção ao bem estar, respeitando sua experiência única de sofrimento, validando, descobrindo e reconhecendo a maneira particular daquela pessoa viver seu luto com a máxima coerência íntima.

Procura-se enfatizar que o sofrimento é único e que ninguém, incluindo os outros filhos e parentes, sofrerá exatamente da mesma maneira. Cada um tem seu ritmo, reage de forma diferente e não existe certo e errado.

Sabe-se que a jornada do luto será influenciada não só pela relação que a pessoa tinha com o parente que morreu, mas também pelas circunstâncias da morte, o sistema de apoio emocional (rede de apoio), sua cultura e espiritualidade. Tudo isso é abordado durante as reuniões, assim como a sensação de estar em um estado de sonho, como se fosse acordar e nada disto será verdadeiro. Estes sentimentos de entorpecimento e negação são necessários, principalmente no inicio, para isolar a pessoa da realidade da morte até que esteja mais capaz de tolerar o que ela não quer acreditar. A morte de uma pessoa amada pode resultar em uma variedade de emoções. Confusão, desorganização, medo, culpa, raiva e alívio são apenas algumas das emoções que as pessoas podem sentir. Às vezes, estas emoções se sucedem dentro de um curto período de tempo ou podem ocorrer simultaneamente e, por mais estranho que algumas dessas emoções possa parecer, elas são normais e saudáveis. A pessoa se permite aprender com esses sentimentos, deixando de se surpreender se, de repente, experimenta surtos de dor, mesmo em momentos mais inesperados, aprendendo a encará-los como uma resposta natural à morte de seu ente querido e a ser tolerante com seus limites físico e emocional. Seus sentimentos de perda e tristeza provavelmente deixam-na cansada. Sua capacidade de pensar claramente e tomar decisões pode ser prejudicada e o seu nível de energia podem, naturalmente, diminuir e ela não deve esperar que esteja disponível para o seu cônjuge, filhos sobreviventes e amigos, como já foi um dia. Estimula-se que ela ouça o que seu corpo e mente estão dizendo, coma refeições equilibradas e agende suas atividades, tanto quanto possível. Cuidar de si não significa sentir pena de si mesma, significa que ela está usando suas habilidades de sobrevivência.

Uma questão fundamental é alertar a pessoa para as frases prontas e clichês, comentários banais que algumas pessoas fazem na tentativa de diminuir a dor da perda e que podem ser extremamente dolorosos. Comentários do tipo: “Segure firme, você tem que aguentar”, “O tempo cura todas as feridas” “Pense que você tem que ser grato pelo tempo que seu parente passou com você” ou “Você tem que ser forte para os outros” não são construtivas. Embora estas observações possam ser bem intencionadas, pode ser torturante aceitá-las como verdades absolutas.

Outro ponto estimulado é desenvolver um Sistema de Suporte (Rede de Apoio). Pedir aos outros e muitas vezes aceitar o apoio é difícil e em nossos encontros, exploramos o porque, incentivando a pessoa a procurar as pessoas que a permitem ser ela mesma reconhecendo seus sentimentos – felizes e tristes.

Estimula-se  a criação de um legado: As memórias são um dos melhores legados que existem depois da morte de uma pessoa amada. Ao invés de tentar esquecer essas memórias, devemos compartilhá-las com a família e amigos, Lembrando sempre que as memórias podem ser tingidas de felicidade e de tristeza: “Se suas memórias trazem o riso, sorria. Se suas memórias trazem tristeza, então está tudo certo em chorar. Memórias foram feitas de amor – ninguém pode tirá-las de você. A realidade de que seu ente querido morreu, não diminui sua necessidade de ter esses objetos, parte tangível e duradoura da relação com ele.”

O tema Espiritualidade deve ser cuidadosamente explorado: Se a fé é parte da vida dessa pessoa, ela deve expressá-la da maneira que lhe parece apropriada. A revolta, expressa muitas vezes como raiva de Deus, deve ser percebida como uma parte normal do processo de luto. Orienta-se que a pessoa manifeste a sua fé, mas, naquele espaço reservado e seguro, ela pode manifestar também a sua raiva e sua tristeza. Negar a dor só vai torná-la mais confusa e esmagadora.

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Adaptado do site de nossa querida parceira Adriana Thomaz, médica e terapeuta do luto, especialista em Clínica da Dor, com atuação em Luto e Cuidados Paliativos.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Concepções modernas e alguns mitos do processo do luto (por Alan D. Wolfelt)

Compartilhamos com vocês, queridos, com o abraço demorado de sempre. A palavra de ordem é "educação". Educação nos temas do final da vida, para que possamos ressurgir, como fênix, mais abertos para a claridade e para o amor.
Atenciosamente,
Equipe ASDL-RJ.



Por Alan D. Wolfelt, Ph.D.
Diretor do Centro de Perdas e de Transições na Vida, em Fort Collins, Colorado.
Tradução livre: Rodrigo Luz.

Nossa sociedade continua a perpetuar uma série de mitos sobre a dor e o luto. Estes mitos podem parecer inofensivos, mas eu descobri que eles podem rapidamente tornar-se obstáculos para o trabalho de reconciliação com a vida. Este artigo descreve cinco dos mitos mais comuns sobre a dor emocional que a perda de alguém muito querido provoca. Espero que esta informação possa ajudá-lo a superar esses mitos e entender melhor como ajudar a si mesmo ou aos outros.

MITO 1: DOR E LUTO SÃO A MESMA EXPERIÊNCIA.

A maioria das pessoas tendem a usar as palavras dor e luto alternadamente. No entanto, há uma diferença importante entre elas. Aprendemos que as pessoas se movem em direção a uma espécie de reconciliação não apenas em virtude do luto, mas através do luto. Simplificando, a dor é a reunião dos pensamentos e dos sentimentos internos que experimentamos quando morre alguém que amamos. O luto, por outro lado, envolve a experiência interna de dor e a sua expressão fora de nós. Na realidade, muitas pessoas em nossa cultura sofrem, mas eles não choram. Ao invés de serem encorajadas a expressar sua dor externamente, são muitas vezes recebidas com mensagens como "Continue!", "Mantenha a cabeça erguida" e "Mantenha-se ocupado!"... Então, elas acabam sofrendo dentro de si mesmas em isolamento, em vez de enlutadas para fora de si, na presença de companheiros amorosos.

MITO 2: HÁ UMA PROGRESSÃO PREVISÍVEL E ORDENADA PARA A EXPERIÊNCIA DA DOR.

Como pensar tanto na morte e na dor tem sido atraente para muitas pessoas... De alguma forma, as "fases do luto" têm ajudado as pessoas a produzirem algum sentido em uma experiência que não é tão ordenada e previsível como gostaríamos que fosse. Se fosse assim tão simples! O conceito de "estágios" foi popularizado em 1969, com a publicação do texto marco de Elizabeth Kübler-Ross. Kübler-Ross nunca havia destinado as pessoas a interpretarem literalmente as cinco "fases do morrer". No entanto, muitas pessoas têm feito exatamente isso, não só com o processo de morrer, mas com o processo de luto também. Uma dessas consequências é quando as pessoas em torno da pessoa de luto acreditam que ele ou ela deve estar na "fase 2" ou na "fase 4" até agora. Nada poderia estar mais longe da verdade. A dor de cada pessoa é única e particular. É imprevisível e desordenada. Suas diferentes dimensões também não podem ser tão facilmente categorizadas. 

MITO 3: É MELHOR AFASTAR-SE DA DOR E DO LUTO, EM VEZ DE IR EM DIREÇÃO A ELES.

Muitos enlutados não se dão permissão ou recebem permissão de outros para lamentar. Vivemos em uma sociedade que muitas vezes encoraja as pessoas a saírem prematuramente de seu sofrimento, em vez de em direção a ele. Muitas pessoas vêem a dor como algo a ser superado e que não deve ser experimentado. O resultado é que muitos de nós querem sofrer isoladamente na tentativa de fugir de nossa dor. Pessoas que continuam a expressar sua dor exteriormente a lamentam a perda são muitas vezes vistas como "fracas", "loucas" ou "auto-piedosas". A mensagem comum é "moldar-se e seguir com sua vida". Recusar-se a permitir que as lágrimas corram, sofrer em silêncio, e "ser forte", são considerados comportamentos louváveis e admiráveis. Muitas pessoas enlutadas têm interiorizado a mensagem da sociedade de que o luto deve ser feito em silêncio, de forma rápida e eficiente. Tais mensagens incentivam a repressão dos pensamentos e sentimentos do enlutado. O problema é que, na tentativa de mascarar ou afastar-se totalmente da sua dor, acabam provocando mais ansiedade e confusão interna. Com pouco ou nenhum reconhecimento social da dor normal do luto, as pessoas começam a pensar que os seus pensamentos e sentimentos são anormais. "Eu acho que estou ficando louca", eles dizem-me frequentemente. Elas não são loucas, são apenas pessoas enlutadas. E para se reconciliar, elas devem se mover em direção a sua dor através de luto contínuo, não longe dele através da repressão e da negação.

MITO 4: AS LÁGRIMAS EXPRESSANDO TRISTEZA SÃO APENAS UM SINAL DE FRAQUEZA.

Infelizmente, muitas pessoas associam lágrimas de tristeza com inadequação pessoal e fraqueza. Quando o enlutado chora, muitas vezes, pode gerar sentimentos de impotência em seus amigos, familiares e cuidadores. Decorrente de um desejo de protegê-los da dor, amigos e familiares podem tentar conter as lágrimas. Comentários como: "Lágrimas não vai trazê-lo de volta" e "Ele não gostaria de te ver chorando" podem desencorajar a expressão de lágrimas. No entanto, o choro é a maneira da natureza de liberar a tensão interna no corpo e permite que o enlutado possa comunicar a necessidade de ser consolado. Chorar faz as pessoas se sentirem melhor, emocionalmente e fisicamente. Lágrimas não são um sinal de fraqueza. Na verdade, o choro é uma indicação da vontade da pessoa enlutada para fazer o "trabalho de luto".

MITO 5: O OBJETIVO É "SUPERAR" A SUA DOR. 

Muitos enlutados ouvem as pessoas perguntando: "Você ainda está para baixo?" Nós nunca "superamos" a nossa dor, mas nos reconciliamos com ela. Nós não "resolvemos" ou nos "recuperamos" da nossa dor. Estes termos sugerem um retorno total à "normalidade", e ainda na minha vida pessoal, bem como na minha experiência profissional, tenho percebido e aprendido que nós mudamos para sempre pela experiência do luto. Se o enlutado assumir que a vida vai ser exatamente como era antes da morte, estará adotando uma postura que não é realista, além de potencialmente prejudicial. Aquelas pessoas que pensam que o objetivo é "resolver" a dor tornam dificultoso o processo de cicatrização. Pessoas enlutadas podem, no entanto, aprender a conciliar a sua dor. Aprendemos a integrar a nova realidade e avançar na vida sem a presença física da pessoa que morreu. Com a reconciliação, surge um sentido renovado de energia e confiança, a capacidade de reconhecer plenamente a realidade da morte, e a capacidade de se tornar novamente envolvido com as atividades da vida. Nós também viremos a reconhecer que a dor e o sofrimento são difíceis, mas necessárias partes da vida e do viver.
Quando a experiência da reconciliação se desenrola, reconhecemos que a vida será diferente sem a presença da pessoa que morreu. No início, percebemos isso com a nossa cabeça, e mais tarde vamos percebendo com o nosso coração. Também percebemos que a reconciliação é um processo, não um evento. O sentimento de perda não desaparece completamente, mas as dores intensas do luto tornam-se menos freqüentes. A esperança para uma vida continuada emerge quando somos capazes de fazer compromissos para o futuro, perceber que a pessoa que morreu jamais será esquecida, mas sabendo que a própria vida pode e vai avançar.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

Suspensão da Reunião Semanal de Primeiro de Julho de 2012

Prezados amigos.

Informamos que hoje não teremos a nossa reunião semanal, em virtude de uma ampla manifestação que ocorrerá na Candelária, no centro do Rio. Essas manifestações têm ocorrido todas as segundas e quintas-feiras. Comunicaremos, hoje, se a reunião poderá ser transferida para quarta-feira, em nossa sede, pessoalmente, com todos vocês.
Muito obrigado pela compreensão.
Equipe ASDL-RJ.