sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Orientações e esclarecimentos ..importantes


Depois da morte você pode inicialmente se sentir chocado, paralisado, culpado, com raiva, com medo e, possivelmente, sentindo intensamente a sua dor. Estes sentimentos podem mudar, inesperadamente, para sentimentos de tristeza, saudade, solidão - mesmo desesperança e medo sobre o futuro. Mas luto também não é feito apenas de emoções dolorosas: é possível ressignificar a vida, revisar a existência e conferir novos significados à perda. A experiência de cada pessoa enlutada é única, mas essas são apenas algumas das coisas que as pessoas muitas vezes dizem que sentem quando vêm nos pedir ajuda depois de uma morte.


“Eu não sinto nada. Eu me sinto entorpecido.”

O choque pode fazer você se sentir em um sonho por algum tempo. Você pode se sentir confuso e perdido. Esta sensação deve passar com o tempo. Você pode pensar, inicialmente, que nada aconteceu e continuar como se nada tivesse acontecido. Esta é uma forma de gestão da dor da perda e pode ajudá-lo a passar os primeiros dias, quando há tanta coisa para fazer – administrar o velório, o enterro, receber parentes distantes, responder cartas e e-mails, etc.

“Eu me sinto fora de controle. Minhas emoções estão instáveis em todo o lugar - num minuto eu estou OK; no minuto seguinte eu estou em lágrimas.”

Mudanças de humor podem ser muito assustadoras, mas elas são normais. Você pode sentir como se você estivesse em uma montanha russa emocional. Você pode se sentir oprimido e achar que é difícil fazer as suas tarefas diárias. Você pode sentir dificuldades em se concentrar durante várias vezes no dia. Busque agendar as suas atividades mais importantes e tente agir de acordo com as próprias emoções.


“Eu não consigo comer ou dormir.”

As reações físicas para uma morte são muito comuns. Você pode perder seu apetite, ter dificuldade em dormir ou se sentir esgotado o tempo todo. As pessoas também estão frequentemente muito vulneráveis ​​às doenças físicas após uma perda. Se você não está dormindo bem, você pode se sentir mentalmente drenado e incapaz de pensar de maneira linear e organizada. Essas são reações normais ao sofrimento e à perda, e devem passar com o tempo. Mas você deve consultar seu médico, se os problemas persistirem.


“Eu continuo a ouvir a sua voz. Estou preocupado que eu comece a ficar louco.”

Pode demorar algum tempo para você compreender o que aconteceu. Não se preocupe. É muito normal ver a pessoa, ouvir a sua voz, ou encontrar-se conversando com ela, especialmente se ela era uma presença importante em sua vida. Isso pode acontecer quando você menos espera, como se sua mente tivesse temporariamente “esquecido” que ele(a) tenha morrido. Pode ser, também, que você se preocupe que algum dia você possa esquecer a pessoa que se foi definitivamente.


“Eu sinto tanta dor! Eu continuo pensando uma e outra vez sobre o que aconteceu. Eu continuo lembrando sobre cada detalhe de seus últimos dias.”

Esta é novamente uma reação esperada, em especial quando a morte foi repentina e inesperada, ou ocorreu em circunstâncias traumáticas. É a maneira que a mente tem de lidar com o que aconteceu. Você pode sentir imensa dor emocional - algumas pessoas podem avaliar essa dor como “esmagadora” e “assustadora”. Busque compartilhar sua dor com pessoas que te escutem ou escrever sobre ela - ajuda profissional pode ser de grande valia.


“Eu me sinto tão culpado!”

Muitas pessoas falam sobre seus sentimentos de culpa - por estar vivas, quando a pessoa querida está morta; por não ter de alguma forma impedido sua morte; por ter deixado que ela partisse. Você pode encontrar-se constantemente pensando: “Mas e se...”, “Se eu tivesse entrado em contato com o médico mais cedo...” Você pode estar constantemente se perguntando o “por quê?” Por que conosco? Por que isso aconteceu justamente conosco? Por que não posso fazer mais ver fulano? Porque as pessoas boas morrem? A morte pode parece cruel e injusta. Ele pode fazer as pessoas se sentirem impotentes e desamparadas. Essas emoções podem ser muito dolorosas para viver, mas o sentimento de culpa não irá ajudar. É importante tentar se concentrar nos bons tempos, e não insistir em coisas no passado que você não pode mudar. A culpa talvez seja a companheira mais dolorosa da morte. Quando uma doença é diagnosticada como potencialmente fatal, não são raros que os familiares se perguntem se devem se culpar por isto. “Se ao menos eu tivesse notado a mudança antes!” ou “Se eu tivesse buscado um médico mais cedo!” são frases muito frequentes. Entretanto, dizer apenas: “Não se sinta culpado, porque você não é culpado” não é o suficiente. Em geral, podemos descobrir a razão mais profunda desse sentimento de culpa ouvindo essa pessoa com bastante atenção. Quase sempre os parentes se culpam devido a ressentimentos verdadeiros com o falecido. Quem, num momento de raiva, já não desejou que alguém desaparecesse, sumisse do mapa, se danasse? Então, é importante ouvir de maneira apurada, sem censurar, sem ter a pretensão de fazer a pessoa se sentir “ótima” a todo o custo, sem tentar fazer a pessoa se livrar, de um momento para o outro, do sentimento de pesar e do luto que ela ainda experimenta.


“Detesto quando me dizem: ‘Tenha coragem!’, ‘Deus não quer te ver sofrer’, ‘Você precisa ser forte para os seus outros filhos’, ‘Seu marido não gostaria de te ver chorando!’ ou ‘Ele não gostaria de te ver chorando!’.

Frases clichês não ajudam em nada e pode ser extremamente torturante aceitá-las, tais como: "Deus é bom e seu parente não gostaria de ver você chorando"; "Você precisa ser forte para cuidar dos seus outros filhos"; "Bola pra frente!". O mais adequado é manter-se acessível para o enlutado e permitir que ele expresse seus sentimentos dolorosos e seu luto livremente, sem censuras desmedidas.


“Eu me sinto tão zangado com ele. Como ele pôde me deixar assim?”

Você pode encontrar-se cheio de novos encargos diante da família, sem contar com algumas responsabilidades financeiras e domésticas com as quais você não se sente capaz de lidar. Você pode sentir-se muito irritado porque de repente você tem que lidar com todas essas coisas. Você pode sentir-se irritado com alguém que você sente que é responsável, de alguma forma, para a morte daquela pessoa especial. A raiva é uma parte normal do luto, compondo uma resposta natural aos sentimentos de impotência e de abandono. Mas, procurar ajuda profissional pode ser importante, sobretudo se você estiver com a sensação de que nada "está caminhando".

     

1.3. Ajudando pessoas enlutadas

Se você está apoiando outra pessoa devido a um falecimento - família, amigos, colegas de trabalho - estas são algumas sugestões que podem ajudá-lo. Pessoas que estão enlutadas podem querer falar sobre a pessoa que morreu. Uma das coisas mais úteis que você pode fazer é simplesmente ouvir e dar-lhes tempo e espaço para lamentar, chorar ou gritar – se necessário. Se você não souber o que dizer em determinado momento, não diga nada. Evite frases clichês, tais como: “Seja forte!”; “Ele não gostaria de te ver chorando”; “Você está sofrendo por uma razão específica e não pode reclamar pelo que está passando”; “Eu imagino o que você esteja sentindo”; “Eu já passei por coisa semelhante”. Essas frases, embora sejam bem intencionadas, podem ser muito torturantes. Os enlutados ouvem frases assim várias vezes durante o dia e pode ser extremamente estressante ouvi-las e acreditar que elas são verdades absolutas. 
É melhor encorajar a pessoa a falar e, se ela não desejar falar naquele momento, deve-se manter-se disponível para ouvi-la. Prepare-se para recorrer a uma escuta atenta a tudo o que a pessoa disser. Por outro lado, evite o discurso fácil de que a pessoa “deve seguir em frente” em breve, bem como “deve estar pronta para cuidar da casa e dos filhos”. É muito tentador tentar esconder-se atrás dessas respostas ‘fáceis’ e evitar envolver-se. O que for que você disser, venha do coração. As pessoas enlutadas percebem, geralmente, tudo o que não é sincero. Elas percebem claramente quando alguém está fingindo tristeza ou interesse em ajudá-las. 

2. Olhando para o futuro

A vida nunca mais será a mesma novamente depois de um luto, mas o sofrimento e a dor tendem a diminuir e vai chegar um momento em que você será capaz de se adaptar para lidar com a vida sem a pessoa que morreu. Muitas pessoas ficam preocupadas, pensando que vão esquecer a pessoa que morreu: seu olhar, sua voz, seus bons momentos juntos. Há tantas maneiras que você pode manter sua memória viva. Estas são apenas algumas sugestões. Encontre sua própria maneira de manter sua memória viva (Thomaz, s/d):

  Converse suas memórias especiais e sustente a alegria, quando ela vier.
  Escreva as suas memórias em um diário ou em uma agenda.
  Mantenha um álbum de fotos com experiências significativas.
  Mantenha uma coleção de alguns de seus bens especiais
  Datas significativas simbolizam a eternização, a continuidade da vida, o vínculo contínuo e eterno com aqueles que amamos.
  Nas fases iniciais do luto, é possível que essas datas especiais sejam muito difíceis para você. Mas, se você sentir vontade, você pode produzir legado realizando atividades significativas.
  Ritualize com seus parentes, amigos e conhecidos que já não estão ao alcance das mãos: os que morreram, os que estão desaparecidos e o que viajaram para longe.
  Pode ser um ritual bem simples, como usar a cor preferida dele, ou a sua. Ou uma flor, uma comida, um lugar.
  A realização e as características desse ritual serão decisões suas.
“O luto pela perda é o preço que se paga por amar”.
Colin Murray Parkes, 2009

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